Mandetta é demitido: nossa luta é contra o vírus e contra Bolsonaro


Publicada dia 17/04/2020 12:01

por Antonio Pedro (Tonhão)

A demissão do ministro da Saúde, Henrique Mandetta, ocorrida na tarde desta quinta-feira (16), era tão previsível quanto chuva de verão. Mais uma vez, a crise imposta pela pandemia do novo coronavírus é agravada pela irresponsabilidade do presidente Jair Bolsonaro. 

Foi o triunfo da ignorância sobre a ciência, das crendices sobre a medicina e da economia sobre a vida. Mandetta pode até ter suas contradições, mas caiu exatamente por seus acertos. Não insistiu naquilo que deu errado no mundo. Resistiu à pressão, não liberando toda e qualquer atividade econômica sem cuidados adequados. Seguiu a cartilha da OMS (Organização Mundial da Saúde), e não a cartilha do bolsonarismo.

Em seu pronunciamento de despedida, Mandetta agradeceu e valorizou a atuação dos profissionais e técnicos do Ministério da Saúde. Pediu a eles que não tenham medo e façam o que é certo. Observou que só estamos no começo da epidemia no Brasil e reiterou que, para derrotar o vírus, é imprescindível a defesa da vida, do SUS (Sistema Único de Saúde) e da ciência. 

Seu substituto, Nelson Teich, é bolsonarista de carteirinha desde a campanha eleitoral de 2018. Com a eleição de Bolsonaro, foi cotado para o Ministério da Saúde. Embora formado em universidade pública (UERJ), foi servir ao setor privado da saúde, onde virou empresário e ganhou muito dinheiro. Tentará, agora, acender vela para Deus e o diabo, ao pôr em balanças iguais a economia e a vida, apesar de dizer que é a favor do isolamento horizontal, posição contrária à do presidente.

No desfecho dessa tragédia grega, Bolsonaro veio a público informar a troca de ministros, num anúncio que foi alvo de panelaços por todo o Brasil. Para variar, o presidente apelou para as mais baixas demagogias, ao estimular que as pessoas rompam o isolamento e se exponham ao risco, com a ladainha de que a economia e o emprego precisavam voltar à normalidade. Só esqueceu de dizer que, sob seu governo, antes da Covid-19, já havia 13 milhões de desempregados. 

Com propósitos pessoais, desprovidos de qualquer escrúpulo, Bolsonaro quer impor a liberdade individual acima da segurança de toda a sociedade, questionando a limitação a circulação das pessoas. Se sua vontade prevalecer, o governo deixará o povo à beira do precipício. 

Não é à toa que a demissão de Mandetta foi criticada não apenas pela oposição e pelos movimentos sociais – mas também pelo Congresso, pela imprensa e pelo CNS (Conselho Nacional de Saúde). Em plena crise, nossa luta vai além de combater o coronavírus. Basta Bolsonaro!

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